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Nobuhiko Takada fala sobre o PRIDE e o MMA japonês

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GiøøØ

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Pessoal, mais uma super entrevista, agora na revista japonesa KAMINOGE nº 10., que saiu agora. O ex-lutador Nobuhiko Takada (lembram dele?) fala sobre o PRIDE. É para os nostálgicos chorarem... rs. Deu outro trabalhinho para traduzir... hehe. Mas a entrevista vale muito a pena. Abços!

Nobuhiko Takada fala sobre o PRIDE e o MMA japonês 20120910_781294

Uma das primeiras estrelas do lendário PRIDE FC, o hoje empresário Nobuhiko Takada demonstra apreensão com respeito ao futuro do MMA no Japão. Após encerrar a carreira de lutador, Takada fez algumas exibições de Catch Wrestling mas seguiu como figura importante do PRIDE. Pouco mais de 5 anos se passaram do fim do grande evento do MMA japonês, e os frutos deixados, segundo o próprio Takada, não são dos mais doces. Aos 50 anos de idade, ele diz já ter tentado de tudo para idealizar um novo evento de magnitude, que levante novamente a auto-estima do MMA no país. Contudo, como o próprio Takada entrega, os fatos que culminaram no fim do PRIDE ainda deixam feridas bem abertas. Takada nos recebeu em sua bela casa, no charmoso bairro residencial de Minami-Azabu, e falou sobre tudo o que os fãs do mundo das lutas gostariam de saber: PRIDE, futuro do MMA no Japão, as lutas épicas contra Rickson Gracie, o suposto rompimento com Kazushi Sakuraba, o ex-presidente do PRIDE Nobuyuki Sakakibara e muito mais. Woooooooo!

K: O sr. hoje é empresário do ramo imobiliário de Tóquio e também possui algumas academias de artes marciais. Fale-nos um pouco sobre os seus negócios...

NT: Isso significa muito trabalho e pouco tempo. Eu hoje atuo em um ramo mais diversificado. O mercado imobiliário viveu períodos de crise no Japão, você sabe. Mas estamos nos levantando aos poucos. Sobre as minhas academias, elas estão abrindo portas para muitos jovens que têm o sonho de ser tornarem lutadores. É uma espécie de primeiro passo.

K: E o seu trabalho já conseguiu revelar algum lutador recentemente?

NT: São muitos jovens em busca de uma oportunidade para mostrar as suas técnicas. O problema é que não temos no Japão mais eventos que revelam. Tanto o MMA quanto o Pro Wrestling vivem um período de entressafra.

K: O sr. parece apreensivo quanto ao atual momento do MMA japonês. Como está enxergando essa situação?

NT: Como eu te disse, não temos mais eventos que revelam. O Shooto Japan perdeu alguns patrocínios importantes e está em um processo falimentar. O VTJ terá um evento agora, no fim do ano, e os organizadores estão com enormes dificuldades para montarem um card. A situação é muito delicada.

K: E o sr. acha que tudo isso começou a acontecer a partir do fim do PRIDE FC?

NT: Certamente. A extinção do PRIDE acarretou não apenas no fim de um grande evento de lutas, mas também comprometeu a imagem do MMA japonês de uma maneira traumática. Não existe mais uma relação de confiança. Os patrocinadores deixaram de apoiar, e os nossos principais atletas estão cruzando o oceano para lutarem na América. O quadro é o pior possível.

K: E em maio se anunciou o processo de falência da FEG (Fighting and Entertainment Group)...

NT: A FEG não tinha mais suporte financeiro para produzir tantos eventos. Eles começaram o negócio de forma errada. O primeiro erro foi contratar todo o staff da DSE (Dream Stage Entertainment) para eventos que ninguém sabia se continuariam ou não. Foi tudo muito mal planejado. Eles foram levando a situação para frente até onde era possível. E agora estão sofrendo para pagar as dívidas. Eu soube que eles estão planejando um evento no fim do ano. Mas com que dinheiro? A menos que obtenham um grande patrocínio, esse evento será um fracasso.

K: Vamos voltar a falar sobre o PRIDE. Esse grande show te causa uma certa sensação de nostalgia, não é mesmo?

NT: O PRIDE havia se tornado uma tradição. E quando isso acontece, é sempre muito difícil o sentimento de perda. Eu vivi tudo aquilo desde o início. Se eu não tivesse perdido aquelas duas lutas para Rickson Gracie, talvez o PRIDE não alcançasse toda aquela dimensão. O PRIDE é uma parte de mim, e eu vou guardar as lembranças até o final.

K: Fale sobre as lutas com o Rickson Gracie. O sr. era um ídolo do Pro Wrestling japonês naquela época, não é mesmo?

NT: Isso aconteceu no final da década de 1990. Eu havia sido campeão nacional da UWF (Universal Wrestling Federation) e era o lutador mais famoso do Japão na época. O PRIDE foi concebido com a ideia de um evento que colocasse o melhor das artes marciais contra o melhor do Japão. Era para ter sido apenas um evento. Mas como foi um sucesso, tudo foi crescendo aos poucos.

K: E as lutas contra o Rickson Gracie?

NT: Eu não estava preparado para lutar contra o Rickson Gracie. Eu comecei a treinar a parte de punch semanas antes da luta. Até então, eu não sabia dar um soco. Mas foi preciso aceitar aquilo para que o PRIDE se tornasse o que se tornou. Eu tenho consciência disso.

K: Houve uma revanche, não é?

NT: Foi muito mais uma peça promocional do que qualquer outra coisa. A minha presença serviu apenas para catalisar o público em torno do evento. Quando Rickson Gracie me venceu, os japoneses queriam alguém que desafiasse e derrotasse os Gracie, que acabasse com a hegemonia deles. Assim é que nasceu o sucesso do PRIDE.

K: E esse "justiceiro" não foi o sr., mas foi alguém da sua equipe na época...

NT: Sim. Com a trajetória do Kazushi Sakuraba diante dos Gracie, o PRIDE se transformou em um evento de proporções mundiais. Eu comecei tudo isso, e depois a história foi caminhando com as suas próprias pernas.

K: E como anda a sua relação com o sr. Sakuraba? Vocês romperam em 2007?

NT: Nunca houve rompimento algum. Nós apenas tínhamos projetos diferentes. Hoje nós não temos a mesma proximidade, mas o respeito é o mesmo de sempre. Ele é um grande lutador e uma grande pessoa.

Nobuhiko Takada fala sobre o PRIDE e o MMA japonês Rickson_on_takada

K: Após a sua última participação como lutador do PRIDE, em 2004, o sr. se tornou um dos dirigentes da organização. Fale-nos sobre isso...

NT: Eu era uma figura simbólica, que estava lá para bater taikô (tambor japonês) e entregar os cinturões aos atletas. Foi importante, pois eu comecei a aprender muitas ações gerenciais que me ajudaram na carreira de empresário, mas quem detinha o poder decisório sobre tudo o que acontecia no PRIDE era o sr. Sakakibara.

K: Nobuyuki Sakakibara, o ex-presidente da DSE?

NT: Correto.

K: Fale-nos sobre o sr. Sakakibara e as acusações que recaíram sobre ele a respeito do envolvimento com a máfia. Foi realmente isso o que decretou o fim do PRIDE?

NT: Falar sobre isso é muito difícil, pois eu não tive envolvimento. Eu não sei até onde ia essa situação. O que eu sei é que o sr. Sakakibara tinha os seus inimigos. É tudo muito difícil... Eu não sei ao certo o que aconteceu.

K: Mas o sr. confirma que a máfia operava nos negócios da DSE?

NT: Eu não tenho conhecimento. Se operava, eu não sabia. A minha função era entreter o público.

K: Ok, vamos falar sobre os atletas japoneses que estão lutando na América. Como o sr. está observando esse êxodo?

NT: Eu não os condeno. O mercado do MMA aqui dentro estagnou. As melhores ofertas estão na América. E os melhores desafios também. Não há como criticá-los por estarem buscando o melhor para as suas carreiras. Infelizmente, a realidade é essa.

K: E o sr. vê saída para que essa crise do MMA japonês seja superada e o país volte a ter força no cenário internacional?

NT: O Japão sempre será reconhecido por formar bons lutadores. É parte da nossa cultura. O problema é que muita gente aqui sabe gerir negócios. Mas poucos se arriscam a colocar dinheiro nesse meio, principalmente depois do que aconteceu com o PRIDE. Eu espero que isso seja momentâneo e que nós tenhamos outros eventos fortes.

K: Inclusive, o sr. já realizou tentativas de viabilizar uma nova organização, mas não foi bem sucedido. Conte-nos sobre isso...

NT: Não houve apoio, nem de outros grandes empresários, e nem dos ex-lutadores. Todos poderiam ajudar, mas eles colocam os riscos acima de qualquer outra situação. Eu realizei algumas tentativas de viabilizar uma nova organização e conversei, inclusive, com membros da FEG. Eles estão desesperados. Não há um panorama positivo hoje. Infelizmente.

K: Muito obrigado pela entrevista, o sr. foi muito gentil. O espaço é livre para o sr. deixar um último recado para os leitores...

NT: Eu sei que muitos fãs estão tristes com a atual situação do MMA no nosso país. É um momento difícil, sim. Mas não podemos perder as esperanças. Vamos voltar a nos organizar e começar tudo de novo, fazendo bem feito. Isso faz parte da nossa raiz e não é a primeira vez que nos superamos. Nós vamos encontrar uma saída. Obrigado.

Nobuhiko Takada fala sobre o PRIDE e o MMA japonês Img_mainportrait


Fonte: http://kaminoge.me/
Tradução: Lucas 五味 usuário do PVT.

NetoOliveira

NetoOliveira

Marco Ruas chegou a anunciar que enfrentaria o Takada no Pride 4, e seria uma luta interessante, pena que não aconteceu e o brasileiro acabou derrotado por um aluno dele, o Otsuka.

Grande Takada, graças a ele o Pride chegou onde chegou!!!!

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