PRIDE faria 15 anos: o vale-tudo antes do MMA
Evento japonês que reuniu os melhores lutadores de MMA no início dos anos 2000 começou em 1997, com a luta entre Rickson Gracie e Takada
O PRIDE Fighting Championship, evento japonês de lutas que fez muito sucesso no início dos anos 2000, completaria 15 anos nesta quinta-feira (11 de outubro), caso ainda existisse. Mesmo tendo acabado em 2007, quando foi comprada pela Zuffa LLC, empresa dos irmãos Fertita que comanda o UFC, a franquia marcou época e foi essencial para a popularização do esporte. O site do FOX Sports preparou uma homenagem ao evento.
O evento: começo, auge e fim
A luta entre Rickson Gracie contra o japonês Nobuhiko Takada, em 11 de outubro de 1997, marcou o início do PRIDE Fighting Championship, que ainda se chamava Kakutougi Revolution Spirits (KRS) PRIDE. O combate colocou frente a frente uma estrela do Wrestling e um dos maiores nomes do Brazilian Jiu-Jitsu, a fim de definir qual arte marcial era mais eficiente. A batalha, que ocorreu em Tóquio, capital do Japão, terminou com vitória do brasileiro para uma plateia de 45 mil pessoas e encorajou os organizadores a realizarem outros eventos.
A franquia foi bem recebida por todo o Oriente, enquanto o principal rival, o UFC, criado em 1993 nos Estados Unidos da América, sofria com as acusações de ser violento demais, encabeçadas por John McCain, então senador republicano, e perdia popularidade. O evento atingiu seu auge de aceitação com a criação dos torneios que obrigavam os atletas a fazer de três a quatro lutas na mesma noite. Em sete anos, seis campeonatos como este foram disputados: os norte-americanos Dan Henderson e Mark Coleman, os brasileiros Wanderlei Silva e Maurício “Shogun” Rua, além do russo Fedor Emilianenko e do croata Mirko “Cro Cop” Filipovic conquistaram os cinturões dos Grand Prix.
Em 2006, a organização perdeu o contrato com a rede de televisão Fuji Network, que fazia a transmissão de seus eventos – a imprensa japonesa garante que o rompimento do acordo deu-se por suspeitas de envolvimento do PRIDE com a Yakuza, organização criminosa japonesa. A derrocada da franquia culminou na venda para o agora lucrativo UFC, presidido por Dana White, por US$ 70 milhões, no ano seguinte.
Para se ter uma ideia da valorização da marca, o UFC foi comprado pelos irmãos Fertitta por apenas U$ 2 milhões. Hoje, estima-se que a franquia valha algo em torno de U$ 2,5 bilhões.
Outro fato marcou a parte final do PRIDE. Em 2003, três anos antes das notícias negativas virem a público, o então presidente da organização, Naoto Morishita, foi encontrado morto com uma corda no pescoço.
A polícia concluiu que Morishite se suicidou depois de terminar um relacionamento. Os rumores, no entanto, davam conta de que sua morte havia sido encomendada pela Yakuza.
As lendas e as lutas
Se o UFC reúne os melhores lutadores atualmente, o PRIDE era o lar das grandes estrelas no início dos anos 2000. Pelos ringues da organização passou, por exemplo, o russo Fedor Emilianenko, dono do cinturão dos peso-pesados e do torneio da categoria. Em agosto de 2005, o atleta venceu outra lenda da franquia, o croata Mirko “Cro Cop” Filipovic, em uma das melhores lutas da história, decida pelos árbitros.
O japonês “Caçador de Gracies”, Kazushi Sakuraba, que venceu quatro integrantes da família referência no Jiu-Jitsu do Brasil, também fez parte dos cards do PRIDE, bem como o compatriota Fujita, que fez a última luta da franquia antes da falência, contra Monson, em abril de 2007.
Wanderlei Silva, o “Cachorro Louco”, foi o brasileiro com história mais marcante na organização. Campeão do torneio dos médios e dono do cinturão da categoria, o “Machado Assassino”, como era conhecido no Japão e nos EUA, venceu Quinton “Rampage” Jackson com um nocaute impressionante após castigar o adversário com mais de dez joelhadas, em outubro de 2004.
Dois outros brasileiros também deixaram seu nome marcado no PRIDE: Maurício “Shogun” Rua e “Minotauro”. O primeiro venceu Ricardo Arona na final do torneio de 2005, enquanto o segundo fez luta marcante contra o gigante Bob Sapp, de 1,96m, vencida com uma chave de braço no final do segundo round.
Entre os norte-americanos destacam-se Dan Henderson e Mark Coleman, o inventor do ground and pound, que travou duelo contra o brasileiro Murilo Rua, em luta que acabou em confusão – Coleman não parou de partir para cima do adversário quando este fraturou acidentalmente o braço e irritou Wanderlei Silva, que saiu da platéia para dentro do ringue para defender o amigo, em briga que se estendeu pelos bastidores.
O maior lutador de MMA da atualidade, Anderson Silva, também teve passagem pelo PRIDE. Pela organização, o campeão dos médios do UFC venceu Alex Stiebling, lutador que nunca havia perdido para brasileiros e entrou no ringue com a frase “Gracie Who?” (Gracie quem?, em português) escrita no calção. Após o triunfo, Stiebling tirou o provocativo shorts e entregou a "Spider".
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