MMA Olímpico
Era o século sete antes de Cristo. Pela primeira vez na cidade de Olímpia, na Grécia, homens nus e desarmados trocavam socos, chutes, cotoveladas e quedas em um evento esportivo chamado pankration, em português pancrácio. As Olimpíadas Antigas celebravam combates mano a mano em que as únicas regras eram não golpear as genitais, enfiar os dedos nos olhos, morder ou arranhar o adversário. Se não fosse nocauteado, o atleta poderia desistir do combate a qualquer momento, bastava apontar o dedo em riste. Quase idêntico às regras do antigo Vale Tudo, hoje conhecido como artes marciais mistas, o MMA.
Os que hoje ousam apostar no MMA como um futuro esporte olímpico são classificados de lunáticos ou desinformados. Vez ou outra, o presidente do UFC, Dana White, diz em alto e bom som que um dia o MMA terá lugar nas Olimpíadas. Muita gente olha torto para Dana quando ouve isso. Mas o que mais pesa contra esse esporte é a falta de organização e o pouco tempo de existência. O boxe é bem mais nocivo para o sistema nervoso por ter como principal alvo a cabeça do atleta e mesmo assim se adaptou para participar dos jogos olímpicos modernos sem chocar o mundo. O MMA sonha seguir o mesmo caminho.
Um desses sonhadores é o presidente Federação Internacional de MMA Bertrand Amoussou. Senegalês naturalizado francês, ele sabe que o MMA precisa ser bem estruturado e representado por federações em dezenas de países mundo afora para um dia se atrever a ter como palco uma Olimpíada. À frente da IMMAF, ele ensaia os primeiros passos para que o MMA amador um dia tenha a força do boxe amador, hoje um dos esportes olímpicos de maior audiência. Palavras de Bertrand aos leitores da coluna:
"A meta principal da federação é unir o MMA amador por todo o mundo fornecendo ajuda para criação de outras federações para oferecer educação, treinamento, atrair mais gente e promover competições. Para que assim o MMA seja ainda mais reconhecido e seja maior o investimento na base."
Por ora, mais de duas dezenas de países contam com federações filiadas ao grupo de Bertrand. No Brasil, a ainda novata Confederação Brasileira de MMA (CABMMA) é parceira da IMMAF. Para Bertrand, o mais importante é se unir a federações que deixem o lucro para segundo plano. Mais palavras dele:
"A Federação está em vários continentes, estamos em 21 países, no Brasil a filiada é a CABMMA, mas estamos filiados a outros. Temos EUA, França, Japão, e muitos outros. Mas estamos crescendo e em busca de mais e mais federações nacionais filiadas. O ideal é buscar parceiros que não estejam interessados em lucros e visem um trabalho social e de caridade comprometidos com a educação dos alunos e respeito."
Em sua busca para organizar o MMA amador, Bertrand conta com apoio do UFC, o evento profissional mais rico do momento. Vez ou outra, dirigentes do UFC levantam a bola da federação e dizem que é o passo de partida para o MMA cavar um lugar nas Olimpíadas. Bertrand está tão encantado com os comentários de Dana que não hesitou em apoiar o monopólio do UFC quando indagado pela coluna. O evento americano controla cerca de 80% do mercado mundial de MMA. O que disse o francês:
"Dana White sempre nos apoia, sempre fala de nossa federação. O UFC como um todo sempre nos ajuda. Eu acho na verdade o monopólio do UFC é bom para o MMA. Na verdade não há problema. Assim como existe a Champions League e outros campeonatos, existe o UFC e outros campeonatos um pouco menores, mas igualmente bons, como o Bellator. Acho que pode ser bom no ponto em que o UFC é muito famoso e faz com que novos fãs também assistam outros eventos, fazendo o MMA crescer mais ainda."
Em julho do ano que vem, a IMMAF organiza o primeiro mundial de MMA amador. As seletivas para participar do torneio estão a cargo das federações. No Brasil, a CABMMA prepara a seleção. É a chance de atletas iniciantes lutarem em Las Vegas num grande evento. Mais que isso, será o dia em que o MMA amador, enfim, sairá das sombras para ter o reconhecimento que merece rumo, segundo as apostas mais otimistas, aos jogos olímpicos. Não custa sonhar!
FONTE
Era o século sete antes de Cristo. Pela primeira vez na cidade de Olímpia, na Grécia, homens nus e desarmados trocavam socos, chutes, cotoveladas e quedas em um evento esportivo chamado pankration, em português pancrácio. As Olimpíadas Antigas celebravam combates mano a mano em que as únicas regras eram não golpear as genitais, enfiar os dedos nos olhos, morder ou arranhar o adversário. Se não fosse nocauteado, o atleta poderia desistir do combate a qualquer momento, bastava apontar o dedo em riste. Quase idêntico às regras do antigo Vale Tudo, hoje conhecido como artes marciais mistas, o MMA.
Os que hoje ousam apostar no MMA como um futuro esporte olímpico são classificados de lunáticos ou desinformados. Vez ou outra, o presidente do UFC, Dana White, diz em alto e bom som que um dia o MMA terá lugar nas Olimpíadas. Muita gente olha torto para Dana quando ouve isso. Mas o que mais pesa contra esse esporte é a falta de organização e o pouco tempo de existência. O boxe é bem mais nocivo para o sistema nervoso por ter como principal alvo a cabeça do atleta e mesmo assim se adaptou para participar dos jogos olímpicos modernos sem chocar o mundo. O MMA sonha seguir o mesmo caminho.
Um desses sonhadores é o presidente Federação Internacional de MMA Bertrand Amoussou. Senegalês naturalizado francês, ele sabe que o MMA precisa ser bem estruturado e representado por federações em dezenas de países mundo afora para um dia se atrever a ter como palco uma Olimpíada. À frente da IMMAF, ele ensaia os primeiros passos para que o MMA amador um dia tenha a força do boxe amador, hoje um dos esportes olímpicos de maior audiência. Palavras de Bertrand aos leitores da coluna:
"A meta principal da federação é unir o MMA amador por todo o mundo fornecendo ajuda para criação de outras federações para oferecer educação, treinamento, atrair mais gente e promover competições. Para que assim o MMA seja ainda mais reconhecido e seja maior o investimento na base."
Por ora, mais de duas dezenas de países contam com federações filiadas ao grupo de Bertrand. No Brasil, a ainda novata Confederação Brasileira de MMA (CABMMA) é parceira da IMMAF. Para Bertrand, o mais importante é se unir a federações que deixem o lucro para segundo plano. Mais palavras dele:
"A Federação está em vários continentes, estamos em 21 países, no Brasil a filiada é a CABMMA, mas estamos filiados a outros. Temos EUA, França, Japão, e muitos outros. Mas estamos crescendo e em busca de mais e mais federações nacionais filiadas. O ideal é buscar parceiros que não estejam interessados em lucros e visem um trabalho social e de caridade comprometidos com a educação dos alunos e respeito."
Em sua busca para organizar o MMA amador, Bertrand conta com apoio do UFC, o evento profissional mais rico do momento. Vez ou outra, dirigentes do UFC levantam a bola da federação e dizem que é o passo de partida para o MMA cavar um lugar nas Olimpíadas. Bertrand está tão encantado com os comentários de Dana que não hesitou em apoiar o monopólio do UFC quando indagado pela coluna. O evento americano controla cerca de 80% do mercado mundial de MMA. O que disse o francês:
"Dana White sempre nos apoia, sempre fala de nossa federação. O UFC como um todo sempre nos ajuda. Eu acho na verdade o monopólio do UFC é bom para o MMA. Na verdade não há problema. Assim como existe a Champions League e outros campeonatos, existe o UFC e outros campeonatos um pouco menores, mas igualmente bons, como o Bellator. Acho que pode ser bom no ponto em que o UFC é muito famoso e faz com que novos fãs também assistam outros eventos, fazendo o MMA crescer mais ainda."
Em julho do ano que vem, a IMMAF organiza o primeiro mundial de MMA amador. As seletivas para participar do torneio estão a cargo das federações. No Brasil, a CABMMA prepara a seleção. É a chance de atletas iniciantes lutarem em Las Vegas num grande evento. Mais que isso, será o dia em que o MMA amador, enfim, sairá das sombras para ter o reconhecimento que merece rumo, segundo as apostas mais otimistas, aos jogos olímpicos. Não custa sonhar!
FONTE