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Ex-UFC, americano que reside no Brasil revela dificuldade para achar adversário
Ex-atleta do UFC, o norte-americano Chris Wilson adotou o Brasil como seu país, e está vivendo em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde acabou de abrir um espaço em parceria com uma academia local. Recentemente, em agosto deste ano, "The Professor" defendeu o cinturão do Brazilian Fighting Championship contra Irwing Machado, vencendo por finalização ainda no primeiro round.
Em entrevista ao PVT, Chris Wilson revelou a dificuldade que encontra para conseguir um adversário para lutar. "Estou um pouco decepcionado com a dificuldade de lutar aqui e lá fora. Hoje em dia, com a expansão do UFC, muitos atletas acreditam que estão 'quase no UFC'. Sendo assim, muitos não querem arriscar. Como eles ainda não estiveram no UFC, eles conseguem encontrar outros adversários, já eu não. Assim, fico sem lutar, infelizmente".
O norte-americano também comparou a estrutura de treinos do Brasil com a de seu país natal, e disse o que falta para nós. "A resposta simples seria apoio financeiro. Talvez com o crescimento do UFC por aqui o cenário comece a mudar um pouco. Nos EUA, todo lugar tem um centro de treinamento para atletas de alta performance, mesmo que você pague para frequentar, está disponível, assim como muito dos melhores treinadores de treinos de alto rendimento. Falo de um lugar como a Velocity. No Brasil, essa parte ainda está muito atrasada. Aqui, atletas que não moram nas capitais precisam viajar pras capitais para ter esses treinamentos, e dificilmente será num estabelecimento como lá quando encontrar. Sem falar que viajar requer dinheiro e faltar ao trabalho. É complicado. Quaisquer patrocínios financeiros ou de treinos fariam uma diferença imensurável na vida da maioria dos atletas".
Confira abaixo a entrevista completa:
Por onde você anda atualmente?
Estou aqui em Ribeirão Preto. Abri um espaço próprio em parceria com uma academia. Pegamos um prédio novo, juntamos e estou tocando a parte de lutas. Depois da correria do primeiro mês já estou voltando aos treinos mais fortes na esperança de conseguir alguma luta em novembro ou dezembro.
Continua lutando até 77 kg?
Não, hoje em dia luto até 70 kg e pretendo continuar na categoria. Meu corpo não mantém a massa muscular como antes então se eu consigo bater 70 kg, pra que lutar até 77 kg?
Está à disposição para lutar no Brasil? Existe alguém em especial que gostaria de enfrentar?
Não só a disposição, mas também um pouco decepcionado com a dificuldade de lutar aqui e lá fora. Hoje em dia, com a expansão do UFC, muitos atletas acreditam que estão "quase no UFC". Sendo assim, muitos não querem arriscar. Como eles ainda não estiveram no UFC, eles conseguem encontrar outros adversários, já eu não. Assim, fico sem lutar, infelizmente.
Vê alguém hoje para destronar o GSP?
Acredito que cada atleta tem seu ponto forte. Tanto o Condit quanto o Ellenberger, o Kampmann, o Nick Diaz e outros atletas no topo da categoria oferecem perigo. Sinceramente, o GSP que conhecíamos precisa voltar a lutar para podermos formar uma nova opinião. Ele mesmo comentou que ficou desmotivado por um tempo. Não sei se o Condit vai conseguir a vitória, mas estou muito interessado em assistir. Até parar de lutar, o GSP estava imbatível.
Você conhece e acompanha bem o MMA brasileiro. Quem vê hoje no Brasil em condições de ser TOP no UFC?
Prever quem será top no UFC é bem difícil realmente. Acho que vários atletas brasileiros que merecem estar no UFC conseguiram. Resta só mostrar serviço. Esse é o caso do Massaranduba, Serginho Moraes, Sarafian, Mutante, entre outros dessa leva de atletas que participaram do TUF. Quantos aos atletas que não participaram, creio que não podemos deixar de mencionar o Hernani Perpétuo, o Ivan Batman, e também o Ildemar Marajó que está em fase boa, o Adriano Martins, apesar de não estar no UFC, é outro grande atleta brasileiro que, como os outros, já mostrou serviço no Brasil e merece seu momento ao sol. Acredito que ele estava prestes a lutar no card do Strikeforce que foi cancelado. Claro que existem mais atletas, mas esses são só alguns que acho que tem boas chances.
Você já enfrentou as maiores pedreiras de sua categoria, qual o atleta mais duro que lutou?
Já enfrentei adversários duros, mas a maioria das pessoas considera o Jon Fitch o meu maior adversário. Eu não apanhei muito na luta, mas infelizmente não o venci. Fiquei feliz que a boa atuação rendeu algum reconhecimento do meu trabalho.
Nota relevante: no UFC, Wilson formou um cartel de 1-3. ele só ganhou de Steve Bruno, e perdeu para Fitch, John Howard e Mike Pyle.
Comparando o MMA aqui com os EUA, o que falta no treinamento dos brasileiros?
A resposta simples seria apoio financeiro. Talvez com o crescimento do UFC por aqui o cenário comece a mudar um pouco. Nos EUA, todo lugar tem um centro de treinamento para atletas de alta performance, mesmo que você pague para frequentar, está disponível, assim como muito dos melhores treinadores de treinos de alto rendimento. Falo de um lugar como a Velocity. No Brasil, essa parte ainda está muito atrasada. Aqui, atletas que não moram nas capitais precisam viajar pras capitais para ter esses treinamentos, e dificilmente será num estabelecimento como lá quando encontrar. Sem falar que viajar requer dinheiro e faltar ao trabalho. É complicado. Quaisquer patrocínios financeiros ou de treinos fariam uma diferença imensurável na vida da maioria dos atletas.
Não tem vontade de voltar a treinar num grande CT americano?
No momento estou feliz aqui em Ribeirão Preto. Tem sido melhor pra minha família e agora consegui montar minha academia, mas tem sido difícil pra minha carreira. No momento, não pretendo nem quero voltar aos EUA. Estou feliz em treinar aqui na Robson Moura Nova União e quando arrumo um jeito, vou pros EUA ou pro Rio treinar ou alguém vem pra cá. No momento o que eu sinto mais falta é da infraestrutura e dos treinos de alto rendimento. Existem muitos lutadores e treinadores de luta talentosos aqui no Brasil.
Você já treinou com o Anderson Silva e uma vez me disse que o jogo dele havia te impressionado muito. Vê alguém para vencê-lo em sua categoria?
Na vida de todo atleta, chega um momento no qual ele não conseguirá fazer o que faz hoje. Esse momento ainda não chegou para o Anderson. Na verdade, acho que ele pode se manter até mais que o tempo normal se conseguir manter-se motivado. Quanto ao seu estilo, realmente, o cara é muito ninja. Movimento de video game que não deveriam funcionar... De repente você está ouvindo um zunido e procurando seus dentes. O cara é tempo ruim o tempo todo!
E o JJ, vê alguém em condição de vencê-lo hoje (Como seria uma luta dele com Anderson e com Cigano)?
Acredito que as categorias têm encontrado seus "donos". O JJ realmente está duro de bater. Torço muito para o Lyoto retomar o cinturão, mas o JJ é monstro. Dominick e Aldo estão duríssimos de tirar. Benson Henderson ainda não se firmou, mas é duro. É a categoria com mais chances de mudar de campeão no momento. GSP, Anderson, JJ e Cigano. Pois é... Gostaria de ver Anderson ou Cigano contra JJ. Pagaria pra ver, torceria pros dois e daria ótimas chances de qualquer um deles vencer o JJ, mas fora os dois... Ninguém por enquanto.
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