Smasher escreveu:carabina escreveu:Smasher, mas existem pontos em que o Nazismo é claramente de direita. E, pra mim, estes são os mais importantes, os que mais caracterizam o Nazismo, e se não forem também em maioria. Contudo acho que o Nazismo transitou aqui e ali, mesmo se pegarmos a conotação clássica de esquerda/direita advinda da Revolução Francesa, onde a direita é moderada e a esquerda é o contrário, em suma.
Vou tentar um esquema por partes reduzidas e abrangentes ao mesmo tempo, não pra discordar de ti, mas pra incrementar:
O Estado
Se tomarmos por constante a sua própria afirmação de que o tamanho do Estado não determina o que é de esquerda ou direita, mais um motivo pra não situar o Nazismo à esquerda, afinal o Estado Nazista pretendia ser imenso, tal qual o Fascista. Nisto concordamos, mas é uma averiguação que perde valor diante de sua própria afirmativa. Decorre ainda que, o comunismo - usado como relação para amalgamar ideologicamente o Nazismo à esquerda - previa que a revolução só lograria sucesso com a extinção total do Estado.
O Estado não é o único meio para definir isto. E não é mesmo! Mas em todas as suas semelhanças, esta é só mais uma delas.
Dizer que os comunistas pretendiam abolir o Estado é uma bobagem. Me perdoe, mas se no Nazismo o Estado pretendia ser imenso, no Comunismo ele seria COLOSSAL!
Afinal, quem controlaria a economia planificada, distribuição de suprimentos e ração e igualitarismo forçado, se não fosse o Estado? Risos.
A tal "extinção total" do Estado, que o próprio Marx sabia que nunca chegaria, também é um objetivo do capitalismo. E nem por isso eu situaria os EUA à esquerda!carabina escreveu:O igualitarismo e o nacionalismo
Esse ponto é interessante. A perseguição aos semitas, por exemplo, não teria nascido senão por um nacionalismo doentio, muito relacionado, por sinal, à situação miserável das elites burguesas alemãs. E, é evidente que não existe qualquer noção de igualitarismo naquele regime. Propor a igualdade entre os iguais, entre os arianos, é fácil, oras. Como pode haver qualquer principio de igualdade entre aqueles que se dizem superiores aos demais povos e etnias?
Nacionalismo: não foi ideia nazista. E, me perdoe, tampouco é de esquerda ou direita. Nasceu no ideário carbonário e ganhou força no liberalismo francês (jacobino).
Cito Orlando Fedeli:
Quanto ao nacionalismo, ele é um erro liberal, pois se funda na mentira da igualdade de todas as nações. O carbonário Mazzini disse que "O Nacionalismo é um meio, para chegar a um fim: o internacionalismo". É o que se assiste hoje. (1)
Como se nota, o nacionalismo nasceu esquerdista e no máximo: pode afirmar-se que ele tornou-se um troço sem conotação política.
Aliás, o nacionalismo é um componente intrínseco da doutrina e causa da morte de Trotsky!
Sobre a "igualdade":
Se o Nazismo propunha apenas a igualdade ariana, não foi diferente na China de Maozedong, no Camboja de Pol-Pot, nem na Romênia de Ceaucescu. Aliás, todos esses três regimes cumpriam rigorosamente a agenda anti-semita.
A igualdade sempre foi um pretexto de Marx, e quem fala isso é o próprio, tal qual a abolição do Estado.
Nesse quesito igualdade/nacionalismo/Estado tanto o socialismo comunista quanto o nazismo, estão rigorosamente iguais!carabina escreveu:A economia
Talvez esse seja o aspecto mais nebuloso, afinal a Alemanha Nazista esteve em guerra permanente. Ao fim e ao cabo a economia naquele país estava ao sabor da guerra. Era, pois, uma economia militar, e não de mercado. Ocorre que o referido ódio ao capitalismo, usado como ponto tangencial entre comunismo e nazismo, também tem, assim como a perseguição aos judeus, seu nascedouro no nacionalismo exacerbado. O ódio não era destinado - nem incentivado - ao regime capitalista em si, mas, sim, contra o capital estrangeiro, representado em parte pelos judeus burgueses instalados no comércio, indústria e sistema bancário.
Achei isso a coisa mais interessante. Note que destaquei uma parte em itálico, justamente para tomar nota de uma coisa:
A Alemanha Nazista só chegou a ser tal, porque dependia de ajuda soviética para erguer sua economia. Isso no período anterior à guerra.
Sobre a economia de mercado, ambas as nações praticaram. Aliás, Mises já provou isso desde o século 20, que é impossível ter economia planificada. Permita-me colar um trecho que já lhe mostrei em discussão anterior:
"Ludwig von Mises disse o seguinte: se você implanta o socialismo, você elimina o mercado; se elimina o mercado, as coisas não têm preço; se não têm preço, não dá para fazer cálculo de preço; se não dá para fazer cálculo de preço, não dá para fazer economia planejada; portanto, não existe socialismo. "
(...)
Na União Soviética, por exemplo, sempre se reservou uma quota de 30 a 40% para a economia capitalista clandestina. E é por isso que se explica o surgimento dos grandes milionários russos. Que, se era tudo do Estado, de onde apareceu tanto milionário do dia para a noite? Já eram milionários. Sempre existiu capitalismo na Rússia, como sempre existiu na China. Ou seja, a estatização total nunca acontecerá. Os líderes comunistas sabem disso, e os grandes banqueiros sabem disso. Por isto, os grandes banqueiros, as grandes fortunas, só têm um inimigo: chama-se economia liberal. ( 2 )
Sobre a parte em negrito, me perdoe, mas eu não consigo encontrar nenhuma referência de raça quanto ao ódio capitalista.
O ódio era contra o capitalismo em si, e quem depõe sobre isso era o magnata Thyssen, que foi quem mais ganhou dinheiro na economia de mercado alemã. APUD: página 366 do vol. II da biografia de Stalin por Isaac Deutscher - tradução:trad. José Laurênio de Melo, Rio, Civilização Brasileira, 1970. IN: O de C.
E nisso tinham uma semelhança incrível.
Aliás, permita-me colar um trecho interessante:
"A famosa campanha antifascista lançada no início da década de 30 sob a direção de Karl Radek foi apenas um truque para jogar areia nos olhos dos antifascistas ocidentais, para que não percebessem a colaboração secreta, então cada vez mais intensa, entre a URSS e a Alemanha nazista, colaboração da qual o próprio Radek, em carta confidencial a um amigo, confessava: "O que escrevo (contra o fascismo) é uma coisa. As realidades são coisa completamente diferente. Ninguém pode nos dar o que a Alemanha tem dado... Só idiotas podem imaginar que vamos romper com a Alemanha".
Cit. em Stephen Koch, Double Lives. Spies and Writers iin the Secret Soviet War of Ideas Against the West, New Yorkm The Free Press, 1994, p. 54.
Como podemos notar, o comunismo e o nazismo têm muito mais semelhanças que diferenças. E se isso for critério para pôr alguém em esquerda/direita, o que eu não concordo, o nazismo está bem na esquerdinha da história.
C.Q.D,
Abraços,
Smasher.
Porra, Smasher, tu me escreve um artigo científico? Depois eu que sou tecnicista acadêmico, né?
Então, tá! O Nazismo é de esquerda! Aquela professora de Ciência Política, marxista e filha da puta, me fez crer o contrário.
Mas, é sério, eu continuo pensando no Nazismo como um movimento político hibrido, com aspectos da direita e da esquerda.Mas também considero que nos aspectos importantes o Nazismo é mais de direita, sem querer com isso atacar a moral da direita. Conheço gente de direita com o mais absoluto rigor moral, assim como na esquerda.